O ensino da arte na escola hoje é fruto de uma história de lutas e
conquistas. Na década de 70, o
ensino de arte é inserido no contexto escolar como uma disciplina obrigatória,
a partir da lei de diretrizes e bases da educação nacional. Segundo Ochôa e Mesti (2007), a arte é inserida com o título de Educação
Artística, mas ainda não é considerada uma disciplina e sim uma atividade
educativa, podendo ser considerado um avanço, principalmente se observar que
houve um entendimento em relação à participação da arte na formação dos
indivíduos, seguindo os ditames de um pensamento renovador. Mas, para esses
autores, o resultado dessa proposição foi contraditório e paradoxal, uma vez
que, muitos professores não estavam habilitados e, menos ainda, preparados para
o domínio de várias linguagens, que deveriam ser incluídas no conjunto das
atividades artísticas.
Hoje, o ensino da arte tem outro formato. Os conteúdos ministrados em sala de aula referentes a arte segundo os
PCNs (1997), devem ser ensinados por meio de situações e/ou propostas que
alcancem os modos de aprender do aluno e garanta sua participação dentro da
sala de aula, tendo a escola, a obrigação de orientar seu trabalho com o
objetivo de preservar e impulsionar a dinâmica do desenvolvimento e da
aprendizagem, preservando a autonomia do aluno e favorecendo o contato
sistemático com os conteúdos, temas e atividades que melhor garantirão seu
progresso e integração como estudante. Santana e Veloso
(2009) afirmam que o ensino da arte atualmente, contempla as diferenças de
raça, etnia, religião, classe social, gênero, opções sexuais, e tem um olhar
mais sistemático sobre outras culturas exigindo valores estéticos mais
democráticos, o que se pode chamar de alfabetização cultural.
Na
atualidade, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, determina que o
teatro é uma das quatro linguagens da disciplina arte tendo como afirma Santana
e Veloso (2009), a mesma importância que os demais componentes curriculares,
apresentando portanto conteúdo, história, várias gramáticas e múltiplos
sistemas de interpretação que devem ser ensinados.
Propiciar o ensino do teatro na
escola seja através de aula expositiva dialogada ou através de jogos que
despertem o interesse dos alunos, contribui tanto para o bom desenvolvimento do
aluno em sala de aula como trás outros benefícios defendidos por Arcoverde
(2008) como:
O aluno aprende a
improvisar, desenvolve a oralidade, a expressão corporal, a impostação de voz,
aprende a se entrosar com as pessoas, desenvolve o vocabulário, trabalha o lado
emocional, desenvolve as habilidades para as artes plásticas (pintura corporal,
confecção de figurino e montagem de cenário), oportuniza a pesquisa, desenvolve
a redação, trabalha a cidadania, religiosidade, ética, sentimentos,
interdisciplinaridade, incentiva a leitura, propicia o contato com obras
clássicas, fábulas, reportagens; ajuda os alunos a se desinibirem e adquirirem
autoconfiança, desenvolver habilidades adormecidas, estimula a imaginação e a
organização do pensamento. Enfim, são incontáveis as vantagens. (ARCOVERDE, 2008, p.601)
Sendo assim, percebemos que o teatro no contexto escolar possui um
papel muito importante no desenvolvimento dos alunos em vários aspectos e,
portanto deve ser observado e tratado como uma disciplina fundamental na
escola. Outros benefícios do teatro na escola incluem segundo Cavassin (2008),
a mobilização de todas as capacidades criadoras e o aprimoramento da relação
vital do indivíduo com o mundo contingente, além de proporcionar o contato com
as atividades dramáticas que liberam a criatividade e humanizam o indivíduo,
pois o aluno é capaz de aplicar e integrar o conhecimento adquirido nas demais
disciplinas da escola e, principalmente, na vida, levando ao desenvolvimento
gradativo na área cognitiva e também afetiva do ser humano.
Durante esse desenvolvimento, o teatro
desempenha um papel importante, incluindo segundo os PCNs (1997), não só a
função integradora, mas também dando oportunidades para que eles se apropriem
crítica e construtivamente dos conteúdos sociais e culturais de sua comunidade
mediante trocas com os seus grupos, integrando imaginação, percepção, emoção,
intuição, memória e raciocínio. Dessa forma, Santana e
Veloso (2009), afirmam que a partir do ensino do teatro, a escola insere o
aluno em um circuito de produção, circulação e consumo de bens culturais,
ampliando sua visão de mundo e aperfeiçoando seu universo estético e artístico,
sendo o teatro uma das mais antigas manifestações culturais do homem que o tem
acompanhado ao longo da história, discutindo e confrontando suas crenças,
valores, costumes, atitudes, fantasias e realidades.
Sendo o teatro uma das diversas manifestações culturais, ele pode
presumir segundo Barbosa (2003), o reconhecimento dos diferentes códigos,
classes, grupos étnicos, crenças e sexos na nação, assim como o diálogo com os
diversos códigos culturais das várias nações ou países. Refletindo com cautela,
Arantes (2010) diz que logo percebemos que por sobre as diferenças culturais,
alguns valores e concepções são implementados socialmente, através de complexos
mecanismos de produção e divulgação de idéias, como se fossem, ou devessem se
tornar, os modos de agir e de pensar de todos, sendo essa, uma das funções mais
importantes (embora não a única) das escolas, das igrejas, dos museus e dos meios
de comunicação de massa.
Trabalhar a diversidade cultural em sala de aula, focando na
importância exercida pelas manifestações culturais populares na história e sua
influencia no modo de ser das pessoas, pode trazer para a escola diversas
contribuições como afirma Brasil (2008), sendo a mais importante delas a
possibilidade que as manifestações culturais populares têm de, uma vez
integradas no interior do sistema escolar e do processo de ensino formal,
revolucioná-lo. Este mesmo autor, afirma que a cultura permite o cultivo dos elementos,
significados e valores comuns ao povo, sendo essencial utilizar o meio escolar
para a defesa dessas manifestações, que muitas vezes caem no esquecimento
levando consigo todo o arsenal cultural presentes nelas.
Portanto, é essencial trabalhar essas manifestações culturais na
escola, e perceber segundo Borges (2004), que, valorizando essas manifestações
de nossa cultura popular e utilizando a criatividade, os professores podem
aproveitar demasiadamente diversas possibilidades para darem uma aula rica em
saberes e divertimentos, uma vez que, essas possibilidades são infinitas. Para
isso, basta dedicação, empenho e sensibilidade para perceber que a cultura
popular é uma forma de expressão da arte e como tal deve ser observada também a
partir da ótica educacional.
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