sexta-feira, 30 de novembro de 2012

ELEMENTOS TEATRAIS



Os Elementos Cênicos nos Processos de Criação no Fazer Teatral na Escola
 
Esses elementos cênicos ou teatrais, que surgem no ambiente escolar a partir do ensino do teatro favorecem o fazer teatral na sala de aula facilitando o aprendizado dos alunos. Segundo Brasil (2012), uma peça teatral não é feita apenas pelos atores que estão aparecendo no palco, mas outros elementos são fundamentais para que o espetáculo se realize. Alguns desses elementos como o figurino, a corporeidade e a sonoridade, entre outros, são essenciais para que a peça obtenha o sucesso esperado.

Dessa forma, na sala de aula, é essencial que os professores de arte/teatro trabalhem esses elementos definindo-os e mostrando como eles são fundamentais na realização de uma peça teatral, uma vez que, que também os alunos podem utilizar desses elementos em apresentações no ambiente escolar. Arcoverde (2008), concorda com essa afirmativa, quando diz que a essência do teatro é dar a oportunidade de escrever uma peça, transformá-la ou atuar nela, construir cenários e figurinos.

Alguns desses elementos cênicos como o figurino, que segundo Brasil (2012), pode ser considerado como um elemento importante na linguagem visual do espetáculo, formado pelas vestimentas e acessórios que auxiliam os espectadores na compreensão do personagem, a sonoridade que ajuda a envolver o público na construção de imagens e sensações, estando intimamente ligados ao que acontece na cena e no texto, são exemplos de elementos do teatro presentes em manifestações culturais na escola, a exemplo da quadrilha.

Outro elemento que se encontra nas manifestações populares e que principalmente na quadrilha, influencia os brincantes é a corporeidade, que segundo Azevedo (2004), tem como função através de gestos e movimentos estabelecer uma conexão contínua entre corpo e mente, expressando sensações e permitindo executar gestos bem feitos tecnicamente falando.

Na quadrilha, esses elementos estão presentes e auxiliam na caracterização dos participantes da brincadeira, dando um ar teatral para essa manifestação, seja através da caracterização dos personagens como os noivos, os caipiras, e outros através do figurino ao mesmo tempo roceiro e moderno e da utilização de acessórios que auxiliam nessa caracterização como o uso de chapéu, enfeites de cabelo e outros, ou através da sonoridade que embala os corpos dos brincantes os auxiliando na manifestação dos gestos e movimentos pré-ensaiados.

Para os alunos participarem dessa manifestação cultural, é essencial que tenham acompanhamento de um professor que explique como acontece essa manifestação e demonstre como são realizados os movimentos e gestos. É nesse momento que o professor pode trazer conceitos de elementos teatrais e permitir o contato dos alunos não apenas com a manifestação em si, mas também com conceitos teóricos relacionados ao teatro.
O pesquisador Araújo (2004), afirma que crianças e adolescentes quando entram em contato com a linguagem teatral, perdem continuamente a timidez, desenvolvem e priorizam a noção do trabalho em grupo, se saem bem em situações onde é exigido o improviso e se interessam mais por textos e autores variados. Assim, é importante trabalhar cada elemento cênico individualmente, mostrando sua aplicabilidade e necessidade no ambiente teatral, na quadrilha e na escolar.
 
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Alceu Maynard. Folclore Nacional I: Festas, bailados, mitos e lendas. 3ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
 
ARCOVERDE, Silmara Lídia Moraes. A Importância do Teatro na Formação da Criança. 2008. Disponível em: . Acesso em: 8 mai. 2012.
 
AZEVEDO, Sônia Machado de. O Papel do Corpo no Corpo do Ator. São Paulo: Perspectiva, 2004.
 
BRASIL. Governo do Estado do Paraná. Secretaria da Educação. Elementos do Teatro. Paraná, 2012. Disponível em: <http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=197>. Acesso em: 10 nov. 2012.

Será se eu posso?



Trabalhar em sala de aula conteúdos do teatro voltados para as manifestações culturais, como a quadrilha, é possível sim, principalmente se sua escola possui essa brincadeira e se seus alunos fazem parte dela.
Mas para isso, é preciso estar interado do assunto.

Então vamos la!


A Teatralidade Presente nas Manifestações Populares
Nas várias regiões que compõe o Brasil, são perceptíveis as diversas características culturais próprias de cada região do país, sendo que uma mesma manifestação cultural popular pode ser celebrada de diversas maneiras dependendo do local observado. Uma das características observadas nessas manifestações é a presença da teatralidade, que pode ser definida Mostaço (2007), como um substantivo que designa algo empreendido para gerar um efeito, como um comportamento exagerado, solene ou demasiadamente polido, cortês e outras características construídas artisticamente. Segundo Oliveira e Pereira (2011), a teatralidade pode ser percebida em vários aspectos do dia a dia, como nas interações cotidianas, nas quais podemos compreender todas as pessoas envolvidas que agem, simultaneamente, como atores e espectadores da interação.

Essa teatralidade pode estar relacionada às manifestações culturais populares, no que se referem às representações cênicas existentes nessas manifestações, por meio de personagens que representam fatos históricos e crenças populares e também através do uso da música que geralmente se faz presente e embala os corpos dos brincantes, como na quadrilha, bumba – meu – boi, carnaval. Tais representações[1] presentes nas manifestações populares passam por um processo de criação e de desenvolvimento ao longo da história. Geralmente se baseiam em um fato histórico verídico ou fictício, com personagens, músicas, diversões. Ao longo dos anos, as brincadeiras foram se modificando e adaptando as novas realidades, porém durante o processo de montagem e criação da brincadeira, os brincantes buscam sempre preservar a essência, desenvolvendo um processo de encenação que segundo Araújo (2008), não precisa estar definido ou programado a priori, mas se inicia no momento mesmo em que os ensaios começam.

São diversas as manifestações culturais populares no Brasil, e em várias percebemos traços da teatralidade, a exemplo da FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO, o CARNAVAL, a FESTA DE REIS, o BUMBA-MEU-BOI e as QUADRILHAS, que trazem elementos teatrais como figurino, sonoridade, corporeidade em suas manifestações.

  REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ARAÚJO, Antônio. A Encenação – em - Processo. In: V Congresso da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas, 2008, Belo Horizonte. Anais do V Congresso da ABRACE: Criação e Reflexão Crítica. Belo Horizonte, 2008. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2012.
 
MOSTAÇO, Edelcio. Considerações sobre o Conceito de Teatralidade. 2007. Disponível em: . Acesso em 01 nov. 2012.
 
OLIVEIRA, Joana Abreu Pereira de; PEREIRA, Ricardo Augusto. Módulo 30: Processos de encenação final. Brasília, 2011.




[1] Representações: Segundo Stanislavski (2001) acontece quando os atores podem transmitir a alma viva de uma peça, de seu texto e subtexto, revelando a peça em toda a sua essência e plenitude num palco.
[2] Escarlates: cor vermelho muito forte; vermelho vivo. Disponível em: <http://www.dicio.com.br/escarlate/>. Acesso em 01/11/2012.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Quadrilha se apresenta em Teatro


TEATRO E CULTURA POPULAR NO CONTEXTO ESCOLAR


                         


                  O ensino da arte na escola hoje é fruto de uma história de lutas e conquistas. Na década de 70, o ensino de arte é inserido no contexto escolar como uma disciplina obrigatória, a partir da lei de diretrizes e bases da educação nacional. Segundo Ochôa e Mesti (2007), a arte é inserida com o título de Educação Artística, mas ainda não é considerada uma disciplina e sim uma atividade educativa, podendo ser considerado um avanço, principalmente se observar que houve um entendimento em relação à participação da arte na formação dos indivíduos, seguindo os ditames de um pensamento renovador. Mas, para esses autores, o resultado dessa proposição foi contraditório e paradoxal, uma vez que, muitos professores não estavam habilitados e, menos ainda, preparados para o domínio de várias linguagens, que deveriam ser incluídas no conjunto das atividades artísticas.
Hoje, o ensino da arte tem outro formato. Os conteúdos ministrados em sala de aula referentes a arte segundo os PCNs (1997), devem ser ensinados por meio de situações e/ou propostas que alcancem os modos de aprender do aluno e garanta sua participação dentro da sala de aula, tendo a escola, a obrigação de orientar seu trabalho com o objetivo de preservar e impulsionar a dinâmica do desenvolvimento e da aprendizagem, preservando a autonomia do aluno e favorecendo o contato sistemático com os conteúdos, temas e atividades que melhor garantirão seu progresso e integração como estudante. Santana e Veloso (2009) afirmam que o ensino da arte atualmente, contempla as diferenças de raça, etnia, religião, classe social, gênero, opções sexuais, e tem um olhar mais sistemático sobre outras culturas exigindo valores estéticos mais democráticos, o que se pode chamar de alfabetização cultural.
Na atualidade, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, determina que o teatro é uma das quatro linguagens da disciplina arte tendo como afirma Santana e Veloso (2009), a mesma importância que os demais componentes curriculares, apresentando portanto conteúdo, história, várias gramáticas e múltiplos sistemas de interpretação que devem ser ensinados.
Propiciar o ensino do teatro na escola seja através de aula expositiva dialogada ou através de jogos que despertem o interesse dos alunos, contribui tanto para o bom desenvolvimento do aluno em sala de aula como trás outros benefícios defendidos por Arcoverde (2008) como:
O aluno aprende a improvisar, desenvolve a oralidade, a expressão corporal, a impostação de voz, aprende a se entrosar com as pessoas, desenvolve o vocabulário, trabalha o lado emocional, desenvolve as habilidades para as artes plásticas (pintura corporal, confecção de figurino e montagem de cenário), oportuniza a pesquisa, desenvolve a redação, trabalha a cidadania, religiosidade, ética, sentimentos, interdisciplinaridade, incentiva a leitura, propicia o contato com obras clássicas, fábulas, reportagens; ajuda os alunos a se desinibirem e adquirirem autoconfiança, desenvolver habilidades adormecidas, estimula a imaginação e a organização do pensamento. Enfim, são incontáveis as vantagens. (ARCOVERDE, 2008, p.601)
Sendo assim, percebemos que o teatro no contexto escolar possui um papel muito importante no desenvolvimento dos alunos em vários aspectos e, portanto deve ser observado e tratado como uma disciplina fundamental na escola. Outros benefícios do teatro na escola incluem segundo Cavassin (2008), a mobilização de todas as capacidades criadoras e o aprimoramento da relação vital do indivíduo com o mundo contingente, além de proporcionar o contato com as atividades dramáticas que liberam a criatividade e humanizam o indivíduo, pois o aluno é capaz de aplicar e integrar o conhecimento adquirido nas demais disciplinas da escola e, principalmente, na vida, levando ao desenvolvimento gradativo na área cognitiva e também afetiva do ser humano.
Durante esse desenvolvimento, o teatro desempenha um papel importante, incluindo segundo os PCNs (1997), não só a função integradora, mas também dando oportunidades para que eles se apropriem crítica e construtivamente dos conteúdos sociais e culturais de sua comunidade mediante trocas com os seus grupos, integrando imaginação, percepção, emoção, intuição, memória e raciocínio. Dessa forma, Santana e Veloso (2009), afirmam que a partir do ensino do teatro, a escola insere o aluno em um circuito de produção, circulação e consumo de bens culturais, ampliando sua visão de mundo e aperfeiçoando seu universo estético e artístico, sendo o teatro uma das mais antigas manifestações culturais do homem que o tem acompanhado ao longo da história, discutindo e confrontando suas crenças, valores, costumes, atitudes, fantasias e realidades.
Sendo o teatro uma das diversas manifestações culturais, ele pode presumir segundo Barbosa (2003), o reconhecimento dos diferentes códigos, classes, grupos étnicos, crenças e sexos na nação, assim como o diálogo com os diversos códigos culturais das várias nações ou países. Refletindo com cautela, Arantes (2010) diz que logo percebemos que por sobre as diferenças culturais, alguns valores e concepções são implementados socialmente, através de complexos mecanismos de produção e divulgação de idéias, como se fossem, ou devessem se tornar, os modos de agir e de pensar de todos, sendo essa, uma das funções mais importantes (embora não a única) das escolas, das igrejas, dos museus e dos meios de comunicação de massa.
Trabalhar a diversidade cultural em sala de aula, focando na importância exercida pelas manifestações culturais populares na história e sua influencia no modo de ser das pessoas, pode trazer para a escola diversas contribuições como afirma Brasil (2008), sendo a mais importante delas a possibilidade que as manifestações culturais populares têm de, uma vez integradas no interior do sistema escolar e do processo de ensino formal, revolucioná-lo. Este mesmo autor, afirma que a cultura permite o cultivo dos elementos, significados e valores comuns ao povo, sendo essencial utilizar o meio escolar para a defesa dessas manifestações, que muitas vezes caem no esquecimento levando consigo todo o arsenal cultural presentes nelas.
Portanto, é essencial trabalhar essas manifestações culturais na escola, e perceber segundo Borges (2004), que, valorizando essas manifestações de nossa cultura popular e utilizando a criatividade, os professores podem aproveitar demasiadamente diversas possibilidades para darem uma aula rica em saberes e divertimentos, uma vez que, essas possibilidades são infinitas. Para isso, basta dedicação, empenho e sensibilidade para perceber que a cultura popular é uma forma de expressão da arte e como tal deve ser observada também a partir da ótica educacional.